O setor industrial é responsável pelo consumo de 41% da energia elétrica do país, com cerca de 537 mil unidades em funcionamento, segundo dados da CNI (Confederação Nacional da Indústria). É evidente, portanto, a relação intensa entre as fábricas e o consumo de energia.
Com isso, o desperdício de energia elétrica, considerando indústrias, comércios e residências, chega a 22 milhões de kW, representando cerca de US$ 1,54 bilhões por ano.
Isso é o que aponta o Procel (Programa Nacional de Conservação de Energia Elétrica).
Atualmente, grande parte das unidades fabris brasileiras utilizam motores com mais de 25 anos, o que contribui consideravelmente para o gasto exagerado.
Contudo, os desafios energéticos crescem no Brasil, ao mesmo tempo em que aumenta a demanda do setor industrial. Para atender ao abastecimento com confiabilidade, são necessários cada vez mais investimentos em geração, distribuição e transmissão de energia.
Nesse contexto, é fundamental que os empreendedores entendam a importância de investir para a eficiência energética, mesmo que as melhores alternativas para isso não sejam as mais acessíveis.
Este é um dos casos em que o investimento vale a pena pelo conjunto integrado que inclui economia nas tarifas de energia, aumento da produtividade, mais confiabilidade no sistema de produção e menos demandas de manutenções.
Motivos para investir em um projeto de eficiência energética para indústrias
Com os preços das tarifas de energia aumentando exponencialmente, cresce também o interesse em obter maior eficiência energética. Cada vez mais organizações estão preocupadas em cumprir as suas responsabilidades ambientais, com redução nas emissões de CO2 e economia de materiais.
Nesse sentido, a eficiência energética está ligada ao uso racional da energia, recurso fundamental para o funcionamento das atividades.
Na prática, a eficiência energética quer dizer que os equipamentos, como uma máquina de lavar batata doce, por exemplo, irão operar da melhor forma possível gastando o mínimo de energia para isso.
Dentre as principais razões para investir na otimização dos processos industriais visando a eficiência energética é válido ressaltar:
- Redução de custos nas produções industriais;
- Redução das emissões de gases estufa;
- Redução dos investimentos em geração e distribuição de energia;
- Redução do impacto das variações de preço de energia;
- Sobrevivência das corporações no mercado competitivo.
1. Redução de custos nas produções industriais
Independente do segmento de atuação das empresas, a redução dos custos de produção costuma ser uma prioridade nos serviços oferecidos por empresas de montagem e manutenção industrial, pois afeta diretamente na lucratividade dos empreendimentos.
A eficiência energética é uma aliada para reduzir os gastos com energia elétrica, e nem sempre demanda grandes investimentos em novas tecnologias.
Muitas vezes os ganhos em eficiência energética são alcançados com pequenas ações, um exemplo disso é como desligar aparelhos que não estiverem em uso ou a manutenção preventiva de geradores de energia.
Os diferentes segmentos industriais têm potenciais técnicos de redução significativos. De acordo com um estudo feito pela Consultoria ICF International, alcançam 26% na indústria de alimentos e bebidas; 25% na química, farmacêutica e indústria do petróleo; 24% na indústria siderúrgica e 19% na produção de papel e celulose.
2. Redução das emissões de gases estufa
Ao estabelecer metas de consumo consciente, as empresas também assumem uma postura mais correta sob a perspectiva do meio ambiente.
É preciso ter em mente que atualmente apenas 14% da energia consumida no mundo é originada de fontes renováveis, enquanto o restante é proveniente de petróleo ou carvão mineral, fontes geradoras de gases de efeito estufa.
Portanto, ao diminuir o consumo de energia, a empresa está colaborando também para a redução da geração de gases de efeito estufa, prejudiciais para o meio ambiente.
3. Redução dos investimentos em geração e distribuição de energia
Quando se alcança a eficiência energética, a necessidade de investimentos em equipamentos para a geração e distribuição de energia diminui. De uma maneira geral, isso pode contribuir até mesmo para a queda no preço da energia, o que possibilita a ampliação no sistema de fornecimento, alcançando mais consumidores.
4. Redução do impacto das variações de preço de energia
A previsibilidade no planejamento financeiro pode ser uma grande vantagem para as empresas, e se torna possível quando elas ficam menos expostas às variações de preços da energia fornecida pelas concessionárias. Desta forma, as tarifas têm menos impacto na administração dos negócios, e os empreendedores ganham mais autonomia.
5. Sobrevivência das corporações no mercado competitivo
Aos empresários que ainda não tenham se convencido sobre a importância do investimento na eficiência energética, é importante refletir sobre as rápidas mudanças do mundo atual
Para continuarem competitivas, com alto valor de mercado e boa rentabilidade, as empresas precisam se adaptar às tendências de mercado.
As soluções mais adequadas podem variar de acordo com o mercado de atuação da empresa. Entretanto, de uma maneira geral, a contratação de empresas de automação industrial é uma tendência que melhora a qualidade dos processos, com reflexos também na economia de energia elétrica.
Dicas para alcançar a eficiência energética nas indústrias
O gerenciamento de recursos como a energia elétrica pode ser bastante complexo, não só nas unidades industriais, mas também nos comércios e até nas residências. Contudo, algumas dicas simples podem ajudar na redução de consumo, auxiliando os empreendimentos na meta de alcançar a eficiência energética. São eles:
- Otimizar a iluminação predial;
- Substituir motores elétricos ineficientes;
- Controlar a energia consumida por compressores de ar;
- Controlar custos com aquecimento e ventilação;
- Reduzir o consumo de sistemas de refrigeração.
1. Otimizar a iluminação predial
Uma das maneiras mais simples de diminuir gastos com energia elétrica é com a otimização da iluminação. É preciso considerar os tipos de luzes, localização, tecnologia escolhida, sistemas de controle e outras condições, que devem estar adequadas para resultar em mais eficiência.
Para otimizar a iluminação nos empreendimentos, algumas dicas são:
- Substituir lâmpadas incandescentes ou fluorescentes por LED;
- Utilizar temporizadores ou fotocélulas para ambientes externos;
- Ajustar os níveis de iluminação para as necessidades específicas;
- Aproveitar ao máximo a iluminação natural, com coberturas transparentes;
- Instalar sensores de presença para desligar automaticamente luzes não usadas.
2. Substituir motores elétricos ineficientes
Para reduzir a quantidade de energia requerida no quadro de distribuição de energia das indústrias, uma das principais saídas é a substituição de motores elétricos por modelos de maior eficiência, o que pode representar uma economia significativa ao longo da vida útil do equipamento.
Outras vantagens são a redução de tempo desperdiçado em paradas, com o aumento da produtividade e da confiabilidade nos maquinários.
Algumas dicas com relação aos motores são:
- Otimizar a eficiência de transmissão com correias sincronizadas;
- Considerar o uso de um motor com velocidade variável;
- Altos fatores de carga resultam em maior potência e eficiência;
- Escolha do transformador de energia preço adequado;
- Certificar-se de escolher motor com tensão dentro dos limites.
3. Controlar a energia consumida por compressores de ar
Um dos recursos mais custosos em uma planta industrial é o ar comprimido, cuja obtenção pode demandar até 10% da energia elétrica utilizada em toda a indústria.
Portanto, as medidas para controle de consumo de energia dos compressores de ar contribuem consideravelmente para a eficiência energética. Para isso, as dicas são:
- Analisar e reduzir a ocorrência de vazamentos;
- Estabelecer projetos de otimização dos sistemas de ar comprimido;
- Implementar uma política de gerenciamento, eliminando usos desnecessários;
- Verificar a possibilidade de redimensionamento dos equipamentos de ar comprimido.
4. Controlar custos com aquecimento e ventilação
Depois dos compressores de ar, os sistemas de aquecimento, ventilação e ar condicionado são grandes vilões, cujo consumo de energia pode chegar à 30% do total das indústrias.
Para diminuir os gastos, algumas recomendações são:
- Diminuir a frequência e a carga da instalação;
- Implantar supervisórios e multimedidores descentralizados;
- Definir desligamentos quando os sistemas não forem necessários;
- Optar por equipamentos qualificados e certificados.
5. Reduzir o consumo de sistemas de refrigeração
Os sistemas de refrigeração também podem representar gastos extras, impedindo a eficiência energética das empresas. Medidas simples para evitar isso são:
- Verificar as configurações de temperatura, evitando esforços desnecessários;
- Atentar para variações frequentes, com sensor temperatura pt100;
- Instalar inversores de frequência para controlar o nível de refrigeração;
- Atentar-se às instruções dos fabricantes nos ciclos de descongelamento;
- Utilizar a técnica da cortina de ar;
- Manter longe poeira e outros contaminantes.
É válido lembrar que investir em manutenções preventivas e preditivas contribui para o bom funcionamento dos equipamentos, evitando quedas na eficiência e outros problemas que causam desperdícios.
Outro ponto importante é que nas plantas industriais praticamente qualquer instalação pode ser reavaliada visando melhorias e mais eficiência. De modo geral, todos os processos, e até a movimentação de máquinas e equipamentos, devem ser feitos com medidas para a otimizar as ações e a energia utilizada.
Além disso, não são só as indústrias que se beneficiam da eficiência energética, embora seja um fator fundamental para a competitividade no mercado atual.
É fundamental ter em mente, contudo, que a busca pela eficiência energética é uma medida por mais sustentabilidade, em benefício do meio ambiente e da vida no futuro.
Esse texto foi originalmente desenvolvido pela equipe do blog Guia de investimento, onde você pode encontrar centenas de conteúdos informativos sobre diversos segmentos.