Nós já sebemos que alguns animais são capazes de captar o campo magnético da Terra, sendo usado por seu sistema de “GPS” natural. Isso acontece pois alguns destes animais tem um tipo de bússola, algo que os cientistas chamam de Magnetorrecepção. Entretanto os cientistas há muito se perguntam se os humanos também possuem esse tipo de “GPS”.
Um estudo publicado recentemente mostra evidências de que os humanos, como outras criatura, sentem o campo magnético terrestre. Entretanto não resolve outras questões que giraram em torno dessa ideia. Como – se tivermos um sentido magnético subconsciente, ele afetará nosso comportamento?
Um grupo de geofísicos e neurobiólogos da Caltech (Instituto de Tecnologia da Califórnia), da Universidade de Princeton e de Tóquio, foram os primeiros a mostrar evidências de que o cérebro humano responde, de maneira inconsciente, a mudanças no campo magnético da Terra. Enquanto isso pesquisadores consideram que isso pode ser uma herança dos nossos antepassados nômades.
Usando a eletroencefalografia (EEG), o biofísico Joe Kirschvink da Caltech e sua equipe registrou a atividade cerebral a partir de eletrodos no couro cabeludo. Procuravam alguma resposta às mudanças em um campo magnético altamente controlado, com força igual ao da Terra.
Em um estudo de EEG com um desenho diferente, publicado em 2002, outros pesquisadores não conseguiram encontrar qualquer resposta do cérebro a um campo em mudança. Kirschvink diz que as técnicas de análise de dados usadas na época não eram poderosas o suficiente para detectar um efeito. O novo estudo, publicado na eNeuro , descobriu que o campo rotativo às vezes provocava uma queda acentuada nas ondas da frequência α , que são típicas de um cérebro que está acordado, mas em repouso. Muitos estudos de EEG usam α para rastrear respostas a informações visuais, diz Mary MacLean, neurocientista da Universidade da Califórnia (UC), em Santa Bárbara, que não esteve envolvida no trabalho. Uma mudança em α, diz ela, “é geralmente um bom indicador do grau em que as pessoas estão envolvidas no processamento sensorial”.
O experimento!
No experimento, usaram 34 participantes, entre homens e mulheres, com idades entre 18 e 68 anos. com idades entre 18 e 68 anos. Colocados em uma caixa de alumínio escura, sentados em silêncio, os protegendo de ruídos eletromagnéticos, como ondas de rádio. Enquanto isso, ao alterar o fluxo da corrente elétrica através das bobinas que revestem a caixa, os pesquisadores criaram um campo magnético que se inclinava fortemente para baixo, como o próprio campo da Terra nas latitudes médias do hemisfério norte. Em seguida, eles rodaram o campo, como aconteceria se uma pessoa virasse a cabeça.
O campo magnético foi mantido fixo em um dos pontos da caixa em alguns testes, entretanto em outros testes o campo magnético ou rotacionava ou era desligado. Assim, o participante estava exposto apenas ao campo magnético natural de nosso planeta. Os participantes não sabiam de qual dos testes estavam participando.
Os resultados!
Os pesquisadores encontraram dois tipos de mudanças no campo magnético da Terra que produziram “efeitos fortes, específicos e repetíveis na atividade das ondas cerebrais humanas” do tipo alfa de cerca de um terço dos participantes. Os testes foram feitos mais uma vez com as pessoas que tiveram respostas cerebrais às mudanças de campo magnético, e o mesmo resultado se reproduziu.
O efeito apareceu em menos de um terço dos participantes, o que pode indicar que fatores genéticos ou experiências anteriores influenciam a sensibilidade de uma pessoa a um campo magnético, diz o neurocientista cognitivo Shinsuke Shimojo, outro membro da equipe do Caltech. Misteriosamente, a mudança foi registrada apenas quando o campo foi girado no sentido anti-horário.
A equipe do Caltech ainda está longe de explicar como a magneto-recepção é possível, dizem os cientistas. “Estou convencido de que algo no cérebro está respondendo a um campo magnético de uma maneira particular”, diz Maclean. “Eu simplesmente não tenho ideia … que mecanismo isso realmente representa.”